O INÍCIO O desenvolvimento do Judo em Portugal tem algumas semelhanças com o início do Judo no Japão, na medida em que ambos passaram pelo "Ju-Jitsu”. Assim os primeiros contactos com a modalidade, ainda sob a forma de "Ju-Jitsu”, datam do primeiro quartel deste século. Hirano, o primeiro professor japonês de jiu-jitsu que se estabeleceu em Portugal, foi o precursor da modalidade. Veio a falecer na praia de Santa Cruz, perto de Torres Vedras. Seguiram-se-lhe Sada Kasu Uyenishi (também conhecido por Raku), acompanhado por Deku, Taki e Yuki Tani que efectuaram demonstrações e combates em Lisboa e Porto. Por essa altura também estiveram entre nós Yamaguchi, Magiro e Hayashi. A Polícia de Segurança do Porto, por iniciativa do seu comandante Coronel Namorado de Aguiar e de outro oficial da mesma corporação o TEN Alberto Cruz incluiu a prática do Ju-Jitsu nos programas dos cursos dos seus agentes. A instrução estava a cargo de Armando Gonçalves. Decorria então o ano de 1936. Armando Gonçalves publicou alguns livros dos quais citamos: «A Defesa na Rua», lª edição, 1914, Porto; «0 Fraco Vence o Forte», 1ª edição, 1941, Livraria Simões Lopes. A Academia de Budo, sala pertencente a António Correia Pereira, em funcionamento desde 1946, foi um dos primeiros “clubes” em Lisboa. Esta sala situava-se no 3º andar do n.º 140 da Rua de S. Paulo. António Correia Pereira foi o editor da primeira revista sobre Judo Kodokan publicada em Portugal, da qual apenas saíram nove números. Sob o pseudónimo de Minero publicou o livro intitulado «A Essência do Judo». Foi o primeiro cinto negro português inscrito no Kodokan, porém por nunca ter estado ligado à Federação Portuguesa de Judo a sua graduação não é reconhecida por aquela entidade. Constacta-se que todas estas acções tiveram um impacto limitado, até por serem isoladas e não terem tido continuidade. Em 1955 vem para Lisboa o francês Decruet, 1º Kyu e mestre de armas, iniciando o seu trabalho na Polícia Militar e em Mafra. Ainda neste ano vem para Lisboa, integrando-se no corpo docente do Liceu Francês Charles Lepierre, Henri Bouchend'Homme - professor de Educação Física e 1º Dan. Henri Bouchend’ Homme vendo que não se praticava Judo em Lisboa começou a leccionar no Lisboa Ginásio. De entre os seus diversos alunos podem-se evocar os nomes do Engº Carlos Oliveira, Arqtº João Matoso, Dr. Nuno Ribeiro, Edmundo Sousa Pires e Armando Gonçalves Cardoso. Quase na mesma altura chega a Lisboa Antony Striker (Suíço) 1º Dan, o qual abre uma sala no Largo do Intendente, onde despontaram para o Judo, entre outros, Afonso Maia de Loureiro, Vasco de Sousa e José Manuel Bastos Nunes. Aos
poucos vão sendo organizados pequenos núcleos de entusiastas.
Em Almada, António Rocha forma um pequeno grupo, entre
eles Joaquim Barata, do Ginásio Clube Português, Maxfredo
Campos, Salgado e Freitas entre outros. OS PRIMEIROS CLUBES DE JUDO O primeiro clube de Judo constituido em Portugal foi o Judo Clube de Beja, fundado em 12 de Junho de 1957. Um mês mais tarde, em 12 de Julho de 1957, foi fundado o Judo Clube de Portugal. Dos contactos havidos entre os alunos de Bouchend'Homme e de Striker nasce a ideia de se fundar um clube. Striker, que entretanto mudara a sua sala do Largo do Intendente para a Rua D. Pedro V, nº 56-H, tenta obter a colaboração de Bouchend'Homme para ensinar judo na sua sala, ao que parece, tentando impedir que a ideia do clube fosse para a frente. Em
Janeiro de 1958, e durante uma semana, esteve em Lisboa, a convite
do J. C. Portugal, Kiyoshi Mizuno, quando da sua viagem de regresso
ao Japão. KIYOSHI KOBAYASHI Em Agosto de 1958, o prof. Kiyoshi Kobayashi, que pode ser considerado como o “pai” do judo no nosso país, vem a Portugal, acompanhado de Ichiro Abe e do 1º dan belga Lannoy-Clerraux. Como consequência do interesse que suscitou nos praticantes e responsáveis da altura, devido à sua técnica e eficácia, foi efectuado o convite para se estabelecer em Portugal, o qual foi aceite e concretizado no final de Novembro desse mesmo ano. A sua actividade no Judo Clube de Portugal, no Judo Clube de Beja, Clube Shell e INEF permitiu-lhe normalizar as técnicas consequentemente melhorar o plano competitivo. Nesta fase de divulgação a actividade que desenvolveu, tanto no leccionamento em aulas normais, como em exibições, o “MESTRE” ou "KK", designações por que é conhecido entre os seus alunos o mestre Kobayashi, esteve na base do que hoje é o Judo em Portugal. Os
ensinamentos que transmitiu aos seus alunos proporcionaram que estes
pudessem começar a divulgar a modalidade um pouco por toda
a parte. A FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE JUDO Como consequência da difusão e interesse verificado pela modalidade, aparece a necessidade de se criar um organismo oficialmente reconhecido e que tivesse a missão de organizar, orientar e fomentar as actividades de divulgação do judo, assim como organizar as competições oficiais. Assim foi constituída uma Comissão Organizadora formada por:
Dos trabalhos desta comissão nasce, em 28 de Outubro de 1959, a Federação Portuguesa de Judo, sendo as funções federativas entregues, nesta fase inicial, ao Judo Clube de Portugal, que é o sócio fundador da F.P.J. Além do Judo Clube de Portugal, inscreveram-se na Federação o Clube Shell, o Judo Clube de Beja, o Lisboa Ginásio, o Ginásio Clube Português e posteriormente o Círculo de Judo do Porto, que foi o percursor do Clube de Judo do Porto. Nestes primeiros tempos (1959 - 1962) a Federação Portuguesa de Judo funcionou no J. C. Portugal. Em 1963, devido ao crescimento que a modalidade estava a ter, a Federação separa-se do J. C. Portugal, instalando-se na Praça da Alegria. Em 1970 passa para a sede dos Organismos Desportivos no Arco do Cego, onde fica instalada em condições bastante precárias. A criação da Federação e a actividade nos clubes mencionados bem como a do mestre Kobayashi contribuiram decisivamente para o aumento do número de praticantes bem como do nível de Judo praticado. A melhoria do nível dos judocas, o desejo de comparação e a necessidade de um estímulo obrigam os dirigentes a pensarem em contactos além fronteiras. Assim, no Congresso da União Europeia de Amesterdão (1960), o pedido de filiação da F.P.J. é aceite, tornando-se membro efectivo da U.E.J. em 1961. São sócios honorários da Federação Portuguesa de Judo: Kiyoshi Kobayashi e Afonso Henriques Ivens Ferraz Maia de Loureiro. A
F.P.Judo foi considerada Instituição de Utilidade Pública,
com base no Decreto-Lei nº 460/77 de 7 de Novembro por despacho
de 15 de Junho de 1978. AS PRIMEIRAS ASSOCIAÇÕES Em Lisboa, por iniciativa do Judo Clube do Estoril, realiza-se, a 19 de Setembro de 1975, uma reunião dos clubes de Lisboa, em que estiveram presentes os clubes seguintes:
Desta reunião nasceu a Comissão Pró-Associação do Distrito de Lisboa, constituída por António Luz (Judo Clube do Estoril), Orlando Ferreira (Ginásio Clube Português) e João Worm (Colégio S. João de Brito). No Distrito de Setúbal, onde a prática da modalidade foi altamente influenciada pela acção de Joaquim Barata, formou-se também uma Comissão Pró-Associação constituída por Saul Conceição (J. C. Almada), Carlos Pinho (CUF) e Francisco Resina Santos. Contudo
as primeiras associações devidamente legalizadas foram
a Associação de Coimbra criada em 12 de Abril de 1978,
com estatutos publicados no DR de 10/7/78 e a Associação
de Santarém, com estatutos publicados no DR de 9/5/78.
AS COMPETIÇÕES A primeira competição realizada em Portugal desenrolou-se na sala de Antony Striker, em Lisboa, em Outubro de 1956, e foi uma prova denominada Lisboa - Sintra. A equipa de Lisboa foi a vencedora por 4 - 2. Constituição das equipas:
O
1º Lisboa - Porto teve lugar a 7 de Novembro de 1959 e foi ganho
por Lisboa, por 4 - 2. Constituição das equipas:
Em 1959, no Estádio Universitário de Lisboa, realiza-se o 1º Campeonato Nacional Absoluto de Portugal (Na foto momento de um combate, tendo como árbitro o Mestre Kobayashi). A primeira participação nos Campeonatos da Europa teve lugar em Maio de 1960, em Amesterdão. A equipa tinha a seguinte constituição:
A primeira participação nos campeonatos do mundo teve lugar em Dezembro de 1961. A equipa era constituída por:
OS ESTRANGEIROS QUE LECCIONARAM EM PORTUGAL No Porto, os franceses Unhe e Briskine e em 1968 o japonês Yamamoto, o qual apenas ficou um ano. Em Lisboa, o japonês Masami Shirooka. que esteve uma grande temporada na Academia Portuguesa de Budo. Nos
Açores, desde 1968, e durante cerca de 10 anos, Masatoshi Ohi,
que lançou as bases que ainda hoje dão os seus frutos.
ALGUNS ILUSTRES VISITANTES
Para além destes estiveram entre nós grandes atletas e campeões como Anthon Geesing, Endo, Minatoya, Brian Jacks, Michel Brousse, Marc Alexander, De Frutos, Katsuhiko Kashiwazaki, etc. |